quarta-feira, 10 de setembro de 2014

A quarta-feira mais Flamengo do ano

Este será o meu primeiro post aqui, neste espaço, no qual eu exponho o meu lado torcedor.


Não foi um título, não foi uma conquista heroica como o tricampeonato carioca de 2001, o memorável tricampeonato da Copa do Brasil ou até mesmo o hexacampeonato brasileiro de 2009. O que aconteceu nesta última quarta-feira de Copa do Brasil não foi mais importante que nenhuma dessas grandes conquistas relembradas e vividas por mim como torcedor do Flamengo. 
Mas eu te garanto que o que eu vivi nesta noite foi diferente de tudo o que já passei como torcedor. Foi incrível, inexplicável, lindo, memorável, épico, gostoso, inesquecível. Desculpem-me a quantidade de adjetivos exagerada, mas creio que mesmo assim, eu não consegui descrever essa noite. Mas talvez o melhor adjetivo para descrever essa última quarta-feira é "Flamengo". O Flamengo foi Flamengo.

No jogo de ida, vimos um time apático, sem querer vencer, jogando para não perder, mesmo com muitos reservas, um time sem a tal raça que tanto exigimos. Para o torcedor rubro-negro, essa má vontade é inaceitável. E como o futebol é foda; ele de certa maneira também exige esse ingrediente ao Flamengo e o pune severamente. Resultado? O Mengo levou 3 sacoladas pra casa, e ficou quase fora da Copa do Brasil e ficaria fora de maneira ridícula. O Flamengo estava finalmente desafiado. 

O treinador continuou com aquele discurso "O objetivo é livrar-nos do rebaixamento, esse é o nosso foco". Como torcedores vimos que esse discurso talvez tenha afetado e ter contribuindo para a falta de vontade do time para com a partida. Discurso este novamente inaceitável. Desde quando o Flamengo tem como único objetivo não cair para a segunda divisão em uma temporada? O fato é que essa má vontade vista no primeiro jogo, pôs em dúvida até mesmo ao torcedor. Principalmente aos fracos de mente que achavam que depois de tomar 3 a 0, o Flamengo não teria mais como reverter a situação. Outros, pois, acharam que o Mengo estaria jogando a Copa no lixo por opção, para se concentrar somente na Liga. Mas 20 mil guerreiros rubro-negros foram lá incentivar, empurrar, tentar ganhar o jogo no grito. Pedir raça aos jogadores que nos representam e cumprir o seu papel. A torcida do Flamengo quando quer, joga junto e faz milagres que fazem do Flamengo o que ele é hoje.
Eu particularmente, como conhecedor de futebol e flamenguista, vivi nos momentos prévios uma dúvida existencial que comia a minha mente. O que será que acontecerá esta noite? Quais linhas o futebol vai querer que sejam escritas? Eu pensava em um Flamengo determinado e empurrado pela torcida, buscando o resultado “impossível”, não precisa ser um grande conhecedor de futebol para saber como se comporta ou pelo menos como deveria comportar um Flamengo no Maracanã em dia de decisão. A incógnita que me recorria era: Será que o futebol vai punir o Flamengo pela má vontade do jogo passado, fazendo que não consigamos o objetivo hoje? Será que os jogadores farão o mesmo de novo e nos decepcionará? Ou será que o Flamengo hoje fará história de novo, e nos provará que a mística rubro-negra impera no Maracanã, e mostrará que como o Ronaldinho, já disse: "Flamengo é Flamengo".

Futebol e Flamengo se separam. Um depende do outro, porém são divergentes e semelhantes ao mesmo tempo. O futebol implora pelo imponderável, pois é isso que faz deste esporte o mais apaixonante do mundo. E o Flamengo é muito isso. Lógica e Flamengo não combinam. O Flamengo foge de todo tipo de lógica. E estes dois jogos entre Flamengo e Coritiba apenas constata isto novamente para todos. Flamengo nos surpreende tipicamente, seja para o bem ou para o mal. O Flamengo é aquele cara que gosta quando não acreditam nele para depois falar: "Olha ai, não acreditou em mim? Te mostrei que sou capaz de novo. Não duvide mais de mim". Duvidar do Flamengo irrita o Flamengo.
Na quarta-feira, acordei um pouquinho ansioso para o jogo e disse ao meu amigo argentino que acompanha o futebol brasileiro de longe e falei em tom de brincadeira:
"Hoje é 4 a 0 Mengão"
E ele me respondeu: "Não viaja, cara. Não acontecerá".
Eu: "tudo bem. Pode não ser 4 a 0. Mas se o Fla passar hoje, você me paga um fernet” (bebida alcoólica típica argentina)
E ele me responde: "Cara, como você pode estar tão confiante? Perderam 3 a 0 o primeiro jogo vergonhosamente"
Eu: "Flamengo tem dessas coisas, sempre contrário a lógica"

Mas no fundo eu pensava que talvez o amigo argentino estivesse com razão, era muito mais comum o Fla ficar fora pelas circunstâncias.
De todas as vitórias rubro-negras no Brasileirão, em nenhuma o time havia conseguido impor 3 ou mais gols de diferença para com o adversário. Por que hoje o Fla conseguiria tal feito? Talvez seja porque era dia de fazer história. Me sentei na cadeira para assistir ao jogo, em um dilema, eu estava crendo e desacreditado ao mesmo tempo. Fiz todo meu típico ritual para ver o jogo, usei todas as minhas armas cabalísticas e esperei o Flamengo me surpreender. Aquele dia era dia de flamengo e ainda não haviam me informado. O elenco do Flamengo é fraco ou não existe e o Luxemburgo ousa em colocar um time misto. Deus parecia estar do nosso lado, pois por lesões, o técnico foi obrigado a colocar o nosso único e titular lateral (o já nem tão bom e velho Léo Moura) e Everton, motor do time atual, e um dos principais jogadores nesta redenção flamenga. Paulinho e Luiz Antônio, ambos saíram por lesão.


O jogo se resumia a um Flamengo que tentava e era pouco efetivo. Com o desenho do jogo, eu já imaginava que o flamengo ganharia, mas com resultado insuficiente para passar de fase. Até que surge um pênalti muito bem cobrado aos 47’ do primeiro tempo. Alecsandro manda para o gol. Aquele lance inflamou a torcida de esperanças e o time junto, claro. Torcida e time pareciam sintonizados, unidos para um só objetivo: fazer dois gols em 45 minutos e levar a partidas para os pênaltis. Aos 15 minutos fomos premiados com um pênalti mal cobrado a nosso favor. Talvez. Depende da interpretação. Mas para mim e para a maioria não foi pênalti, foi bola na mão, nada intencional. Não importa, mais um gol do Flamengo.


 
E agora meu amigo, era time e torcida jogando juntos por um golzinho, o gol era só questão de tempo. Até quem odeia e é anti-Flamengo sabia que o gol do Fla, era questão de tempo. Depois que entrou o iluminado Eduardo da Silva, mais ainda, cruzamento do Everton papa-léguas, gol de Eduardo, para 20 mil pessoas explodirem no Maracanã o e toda a nação rubro-negra espalhada pelo mundo. E fomos aos pênaltis. Goleiro coxa-branca parecia ter deixado os chutes de Alecsandro passar no tempo normal, para pegar ali. Pois estava impossível, e alguns de nossos jogadores quase que nos fazia desperdiçar toda a luta de 90 minutos. Paulo Victor também estava impossível e disposto a pegar tudo. Não adianta, o Coritiba podia ter o melhor goleiro do mundo, ter um time de Messi's para cobrar os pênaltis. Era dia de Flamengo, não tinha como. Tanto que a trave foi a salvadora e Canteros não desperdiçou a oportunidade de classificar O Mais Querido para outra batalha. E eu depois de tantas orações, só agradeci a Deus, pois passei do segundo tempo em diante, rezando. Flamengo também é isso. Flamengo é religião, isso não é uma simples frase de um fanático, é um fato. Só quem vive, sabe. Ali fiquei eu extasiado, embasbacado, cansado tudo pelo inexplicável desta noite. Os rubro-negros dirão que Deus também é rubro-negros, os anti-Flamengo, dirão que o Flamengo tem pacto forte com satanás. Mas a real é que quando o dia é para ser Flamengo, nada interrompe o processo natural para o triunfo.

                                                                                    Vinícius Lima 

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