Este
será o meu primeiro post aqui, neste espaço, no qual eu exponho o meu lado torcedor.
Não foi um
título, não foi uma conquista heroica como o tricampeonato carioca de 2001, o
memorável tricampeonato da Copa do Brasil ou até mesmo o hexacampeonato
brasileiro de 2009. O que aconteceu nesta última quarta-feira de Copa do Brasil
não foi mais importante que nenhuma dessas grandes conquistas relembradas e
vividas por mim como torcedor do Flamengo.
Mas eu te garanto que o que eu vivi
nesta noite foi diferente de tudo o que já passei como torcedor. Foi incrível,
inexplicável, lindo, memorável, épico, gostoso, inesquecível. Desculpem-me a
quantidade de adjetivos exagerada, mas creio que mesmo assim, eu não consegui
descrever essa noite. Mas talvez o melhor adjetivo para descrever essa última
quarta-feira é "Flamengo". O Flamengo foi Flamengo.
No jogo de
ida, vimos um time apático, sem querer vencer, jogando para não perder, mesmo
com muitos reservas, um time sem a tal raça que tanto exigimos. Para o torcedor
rubro-negro, essa má vontade é inaceitável. E como o futebol é foda; ele de
certa maneira também exige esse ingrediente ao Flamengo e o pune severamente.
Resultado? O Mengo levou 3 sacoladas pra casa, e ficou quase fora da Copa do
Brasil e ficaria fora de maneira ridícula. O Flamengo estava finalmente
desafiado.
O treinador continuou com aquele discurso "O objetivo é
livrar-nos do rebaixamento, esse é o nosso foco". Como torcedores vimos
que esse discurso talvez tenha afetado e ter contribuindo para a falta de vontade
do time para com a partida. Discurso este novamente inaceitável. Desde quando o
Flamengo tem como único objetivo não cair para a segunda divisão em uma
temporada? O fato é que essa má vontade vista no primeiro jogo, pôs em dúvida
até mesmo ao torcedor. Principalmente aos fracos de mente que achavam que
depois de tomar 3 a 0, o Flamengo não teria mais como reverter a situação.
Outros, pois, acharam que o Mengo estaria jogando a Copa no lixo por opção,
para se concentrar somente na Liga. Mas 20 mil guerreiros rubro-negros foram lá
incentivar, empurrar, tentar ganhar o jogo no grito. Pedir raça aos jogadores
que nos representam e cumprir o seu papel. A torcida do Flamengo quando quer,
joga junto e faz milagres que fazem do Flamengo o que ele é hoje.
Eu
particularmente, como conhecedor de futebol e flamenguista, vivi nos momentos
prévios uma dúvida existencial que comia a minha mente. O que será que
acontecerá esta noite? Quais linhas o futebol vai querer que sejam escritas? Eu
pensava em um Flamengo determinado e empurrado pela torcida, buscando o resultado
“impossível”, não precisa ser um grande conhecedor de futebol para saber como
se comporta ou pelo menos como deveria comportar um Flamengo no Maracanã em dia
de decisão. A incógnita que me recorria era: Será que o futebol vai punir o
Flamengo pela má vontade do jogo passado, fazendo que não consigamos o objetivo
hoje? Será que os jogadores farão o mesmo de novo e nos decepcionará? Ou será
que o Flamengo hoje fará história de novo, e nos provará que a mística
rubro-negra impera no Maracanã, e mostrará que como o Ronaldinho, já disse:
"Flamengo é Flamengo".
Futebol e
Flamengo se separam. Um depende do outro, porém são divergentes e semelhantes
ao mesmo tempo. O futebol implora pelo imponderável, pois é isso que faz deste
esporte o mais apaixonante do mundo. E o Flamengo é muito isso. Lógica e
Flamengo não combinam. O Flamengo foge de todo tipo de lógica. E estes dois
jogos entre Flamengo e Coritiba apenas constata isto novamente para todos.
Flamengo nos surpreende tipicamente, seja para o bem ou para o mal. O Flamengo
é aquele cara que gosta quando não acreditam nele para depois falar: "Olha
ai, não acreditou em mim? Te mostrei que sou capaz de novo. Não duvide mais de
mim". Duvidar do Flamengo irrita o Flamengo.
Na
quarta-feira, acordei um pouquinho ansioso para o jogo e disse ao meu amigo
argentino que acompanha o futebol brasileiro de longe e falei em tom de
brincadeira:
"Hoje
é 4 a 0 Mengão"
E ele me
respondeu: "Não viaja, cara. Não acontecerá".
Eu: "tudo
bem. Pode não ser 4 a 0. Mas se o Fla passar hoje, você me paga um fernet”
(bebida alcoólica típica argentina)
E ele me
responde: "Cara, como você pode estar tão confiante? Perderam 3 a 0 o
primeiro jogo vergonhosamente"
Eu:
"Flamengo tem dessas coisas, sempre contrário a lógica"
Mas no fundo
eu pensava que talvez o amigo argentino estivesse com razão, era muito mais
comum o Fla ficar fora pelas circunstâncias.
De todas as
vitórias rubro-negras no Brasileirão, em nenhuma o time havia conseguido impor
3 ou mais gols de diferença para com o adversário. Por que hoje o Fla
conseguiria tal feito? Talvez seja porque era dia de fazer história. Me sentei
na cadeira para assistir ao jogo, em um dilema, eu estava crendo e desacreditado
ao mesmo tempo. Fiz todo meu típico ritual para ver o jogo, usei todas as
minhas armas cabalísticas e esperei o Flamengo me surpreender. Aquele dia era
dia de flamengo e ainda não haviam me informado. O elenco do Flamengo é fraco
ou não existe e o Luxemburgo ousa em colocar um time misto. Deus parecia estar
do nosso lado, pois por lesões, o técnico foi obrigado a colocar o nosso único
e titular lateral (o já nem tão bom e velho Léo Moura) e Everton, motor do time
atual, e um dos principais jogadores nesta redenção flamenga. Paulinho e Luiz Antônio,
ambos saíram por lesão.
O jogo se
resumia a um Flamengo que tentava e era pouco efetivo. Com o desenho do jogo,
eu já imaginava que o flamengo ganharia, mas com resultado insuficiente para
passar de fase. Até que surge um pênalti muito bem cobrado aos 47’ do primeiro
tempo. Alecsandro manda para o gol. Aquele lance inflamou a torcida de esperanças
e o time junto, claro. Torcida e time pareciam sintonizados, unidos para um só
objetivo: fazer dois gols em 45 minutos e levar a partidas para os pênaltis.
Aos 15 minutos fomos premiados com um pênalti mal cobrado a nosso favor.
Talvez. Depende da interpretação. Mas para mim e para a maioria não foi pênalti,
foi bola na mão, nada intencional. Não importa, mais um gol do Flamengo.
E agora meu amigo, era time e torcida jogando
juntos por um golzinho, o gol era só questão de tempo. Até quem odeia e é
anti-Flamengo sabia que o gol do Fla, era questão de tempo. Depois que entrou o
iluminado Eduardo da Silva, mais ainda, cruzamento do Everton papa-léguas, gol
de Eduardo, para 20 mil pessoas explodirem no Maracanã o e toda a nação
rubro-negra espalhada pelo mundo. E fomos aos pênaltis. Goleiro coxa-branca
parecia ter deixado os chutes de Alecsandro passar no tempo normal, para pegar
ali. Pois estava impossível, e alguns de nossos jogadores quase que nos fazia
desperdiçar toda a luta de 90 minutos. Paulo Victor também estava impossível e
disposto a pegar tudo. Não adianta, o Coritiba podia ter o melhor goleiro do
mundo, ter um time de Messi's para cobrar os pênaltis. Era dia de Flamengo, não
tinha como. Tanto que a trave foi a salvadora e Canteros não desperdiçou a
oportunidade de classificar O Mais Querido para outra batalha. E eu depois de
tantas orações, só agradeci a Deus, pois passei do segundo tempo em diante,
rezando. Flamengo também é isso. Flamengo é religião, isso não é uma simples
frase de um fanático, é um fato. Só quem vive, sabe. Ali fiquei eu extasiado,
embasbacado, cansado tudo pelo inexplicável desta noite. Os rubro-negros dirão
que Deus também é rubro-negros, os anti-Flamengo, dirão que o Flamengo tem
pacto forte com satanás. Mas a real é que quando o dia é para ser Flamengo,
nada interrompe o processo natural para o triunfo.
Vinícius Lima
Nenhum comentário:
Postar um comentário